José Martins Ribeiro Nunes, mais conhecido como Zé Peixe foi um prático brasileiro que se tornou uma figura lendária no estado de Sergipe, devido a seu modo incomum de exercer sua atividade. Foi agraciado com diversos prêmios e homenagens, e é lembrado como um dos sergipanos mais notórios de todos os tempos.
Por muitos anos, Zé Peixe atuou como prático conduzindo embarcações que entravam e saíam de Aracaju, pelo Rio Sergipe. O inusitado, em sua tarefa, se devia ao fato de não necessitar de embarcação de apoio para transportá-lo até o navio. Quando havia um navio necessitando entrar na barra do rio Sergipe, ele nadava até o navio. Da mesma forma, após conduzir o navio até fora da barra, ele saltava e voltava à terra nadando. Algumas vezes ele saía numa embarcação e nadava até uma boia que sinalizava o acesso à barra de Aracaju, onde aguardava as embarcações que necessitavam de seus serviços para entrar na barra.
Sendo assim, foi seu modo peculiar de trabalhar que o fez famoso em vários meios de comunicação. Quando um navio tinha que sair do porto guiado pelo prático, Zé Peixe não utilizava um barco de apoio: subia a bordo e, uma vez guiada a embarcação para o mar aberto, amarrava suas roupas e documentos na bermuda, saltava das asas do passadiço (sala de comando da embarcação) em queda livre de 17 metros até a água (uma altura equivalente a 5 andares) e nadava cerca 10 km para chegar à praia.
Seu estilo de vida não apenas cativava as pessoas ao seu redor como também era capaz de ensinar e dar valor aos que com ele conviviam e trabalhavam. Um homem franzino e introvertido de 1,60m de altura e 53 Kg, sempre cativante por sua humildade, dignidade e simpatia, Zé Peixe quase nunca comia e não se banhava com água doce. Sua dieta se baseava em pães com café pela manhã e era rica em frutas durante todo o dia. Também não fumava, nunca bebeu álcool, dormia às 2000 e acordava às 0600. Apesar da insistência dos pais, desde criança não tomava banho de água doce, pois vivia no mar. No entanto, tinha o ritual de manter barba e cabelos sempre cortados. Quando fora de serviço, gostava de ir cedo cuidar de seus botes atracados em frente à capitania dos portos, ir tomar banho de mar e andar de bicicleta até o mercado, onde comprava frutas. A pé ou em bicicleta, só andava descalço. Usava sapatos somente em ocasiões especiais ou quando ia às missas da Igreja do São José ou do Colégio Arquidiocesano.
Nunca saiu do lugar onde nasceu. A antiga casa, toda pintada de branco por fora e azul por dentro, é muito simples. Repleta de lembranças, títulos e medalhas que Zé Peixe juntou na vida, além de miniaturas e desenhos de barcos, e de imagens de santos católicos. Morreu em Aracaju na tarde de 26 de abril de 2012, vítima de insuficiência respiratória, aos 85 anos.