No terceiro dia de fevereiro, os três anos escolares da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante reuniram-se na Alameda Alegrete e se dirigiram para o Pátio da Bandeira, onde participaram do primeiro Cerimonial à Bandeira do ano. Além dos alunos, estavam presentes o comandante do CIAGA, C. Alte. Gilberto Cezar Lourenço, demais oficiais da EFOMM, tripulação e convidados.
A Cerimônia é um culto tradicional realizado por todos os navios e Organizações Militares no qual exalta-se o símbolo máximo de um país: a bandeira nacional. Ocorre, durante a manhã, às 0800, quando essa é içada, permanecendo no mastro até o pôr do sol, quando acontece um segundo cerimonial e a bandeira é arriada para se repetir o processo no dia seguinte.
Durante o ritual marinheiro, o Exmo. Sr. Almirante lembrou a competência do primeiro comandante do CIAGA, Almirante Graça Aranha e exortou os alunos a seguirem seu exemplo.
Mais tarde o Exmo. Sr. Diretor de Portos e Costas (DPC) V. Alte. Wilson Pereira de Lima Filho foi recebido no CIAGA, e deu as boas-vindas para a nova turma da EFOMM. Cerca de 1030, o Exmo. Sr. Diretor Geral de Navegação (DGN) Alte. Esq. Paulo Cezar de Quadros Küster chegou de lancha pelo cais do Grêmio de Vela e foi recepcionado pelo Imediato da EFOMM e alunos do segundo ano.
Com a chegada do Sr. Diretor Geral, a palestra foi iniciada. Estavam presentes alunos do primeiro e terceiro ano, além de oficiais e a comunidade marítima. A palestra, que consistiu em uma Aula Inaugural que deu início ao período letivo, começou com uma comparação do estado de um mar bravio com os problemas que nós enfrentamos.
Após isso, o Alte. Esq. Küster definiu a estrutura da Diretoria Geral de Navegação, indicou os distritos navais, as capitanias dos portos e a autoridade marítima. Comentou sobre o Cluster Marítimo, a rede de atores econômicos, sociais e ambientais ligados ao mar, com o objetivo de aumentar da eficácia econômica. Segundo o Sr. Diretor, a Marinha do Brasil reconhece a importância dessa diversidade de atores para o desenvolvimento nacional e aponta a Marinha como uma conciliadora dessa comunidade marítima.
O Exmo. Sr. Diretor numerou o volume do tráfego marítimo na costa brasileira em 1600 embarcações por dia carregando 90 % do comércio exterior, ou seja 25% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional mostrando a importância da Marinha Mercante para a economia do país.
Depois disso, falou sobre a segurança marítima citando situações como o tráfico, poluição, pirataria, assalto armado e SAR (Search and Rescue – Busca e Resgate, em português) aconselhando os futuros oficiais a estarem preparados para estas adversidades. Além disso, foi citada a criação de uma nova especialização para os novos praças: segurança no tráfego marítimo.
Também foram apresentados diversos parâmetros operacionais referentes a diversas áreas da navegação. Analisou-se que com o tempo as dimensões dos navios foram aumentando, porém, a limitação espacial natural dos portos permaneceu a mesma, o Diretor sugeriu o uso de dragagem para solucionar este problema, técnica útil também para combater o assoreamento da Baía de Guanabara. Verificou-se a evolução dos navios conteineiros que antes tinham a capacidade de 800 contêineres e hoje esse número chega em até 18000 contêineres. Além disso, foram abordados temas como o projeto antártico brasileiro, navios de apoio hidroceanográfico, programas da SECIRM (Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar) e a “Lei do Mar” (Normas que determinam extensões marítimas como o mar territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva (ZEE) e plataforma continental).
No final da apresentação o Sr. Diretor Küster desejou boa sorte e sucesso a todos os alunos e encerrou dizendo: “O marinheiro é um eterno ausente”. Foi aberto o período de perguntas, e o presidente do SINDMAR (Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante), Severino, comentou que na década de 70 a bandeira brasileira era “forte e prodigiosa” e pediu para o DGN comentar sobre isso. Este concordou com o presidente, mas atribuiu a responsabilidade ao cluster marítimo.
O aluno do terceiro ano, Fortes, perguntou quais são as vantagens financeiras ao expandir a área da plataforma continental. O Diretor respondeu que teríamos soberania sobre a região (qualquer um que deseje explorar deverá pedir permissão ao Brasil) e direito à exploração do solo e do subsolo, onde há acesso a recursos tais como petróleo e minerais, essa expansão caracteriza a chamada “Amazônia Azul”, uma extensão marítima com aproximadamente o tamanho da Amazônia e grande quantidade de recursos.
A terceira pergunta foi, na verdade, um pedido de aprofundamento na questão do Projeto Antártico (PROANTAR), o Diretor disse que a exploração na Antártica foi proibida e deve-se ter uma base local e desenvolver pesquisas, para futuramente ter direito a opinar sobre o futuro do continente gelado. O apoio da marinha mercante foi lembrado para este projeto, pois sempre que há necessidade de transporte de suprimentos em grande volume, navios mercantes são contratados para este fim.
No final, ao ser indagado sobre a situação atual de praticagem, o Diretor reconheceu que a frota de navios disponíveis é de fato pequena, entretanto defendeu a ideia da criação de um navio especifico para a qualificação de profissionais. Após a palestra, o Comandante-Aluno Berço Cruz entregou um certificado de palestrante para o Sr. Diretor e afirmou que as informações que foram lecionadas haviam sido de grande valia para todos, e os alunos foram para suas respectivas salas, dando início ao primeiro dia letivo.
Confira a galeria de fotos da manhã:
