Paralelamente às apresentações de monografias da EFOMM, os alunos do ASON também vinham apresentando seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). O curso de Adaptação para Segundo Oficial de Náutica é ministrado no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), pertencente ao Programa do Ensino Profissional Marítimo para Aquaviários (PREPOM).
Dentre vários projetos, um dos alunos expôs uma ideia inovadora: o SIMULESTE, o Simulador de Estabilidade de Embarcações. O projeto consiste na automatização da maneira de obter os calados (distância da linha d’água ao fundo do navio) de uma embarcação modelo. A partir daí, são efetuados os cálculos, pelo aplicativo no sistema Android, para que o navegante adquira todos os dados da tabela de dados hidrostáticos. A posse de números tão exatos representa um significativo aumento em relação à segurança de diversas operações rotineiras de um navio mercante, tais como: carga e descarga.
O engenheiro eletricista Felipe Moreira Rebello, formado pela Universidade Federal Fluminense, se interessou pelo mar nos anos de 2012 e 2013, enquanto trabalhava nos estaleiros Mauá (Niterói) e Brasfel (Angra dos Reis). Seu amigo Jayme Mattos, oficial da Marinha Mercante, lhe apresentou a proposta de cursar o ASON, que seria a única possibilidade de ele engajar nesta carreira, pois já tinha 30 anos de idade. “Ele chegou a minha casa portando um edital do ASON e uma prova de concurso anterior dizendo que havia encontrado o que eu queria.” E continua:
pude ter o orgulho de frequentar os corredores desta escola
O projeto se iniciou com a iniciativa de Felipe em conjunto com o CLC Adilson Coelho, que leciona matérias relacionadas à estabilidade no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, em recuperar o navio modelo N/M Jaqueline e a cuba em que se encontrava, que estavam avariados há algum tempo no laboratório de estabilidade do CIAGA. “Quis utilizar meu talento em eletrônica junto com a vontade de, de alguma forma, dar uma aplicação útil ao navio modelo”.
Acoplando 4 sensores que emitem ondas sonoras de 40kHz, obtém-se a distância deles ao plano de flutuação. Assim, para cada distância medida, tem-se um calado real. O Arduino envia esses valores, por Bluetooth, ao aplicativo no Android, que calculará o calado médio real entre as marcações de ré e de vante, de um bordo e de outro. Inserido esse valor nas equações derivadas das interpolações programadas por Felipe, o navegante terá em mãos todos os dados da tabela hidrostática do navio com exatidão. O professor Adilson comentou o projeto: “Um dos problemas do cálculo de estabilidade é realizar a interpolação dos dados da tabela de dados hidrostáticos a partir de um deslocamento que não calculamos com precisão”. E continuou elogiando: “Ele desenvolveu uma parte de algoritimos muito complexa para o aplicativo. Quanto à parte prática, não há o que criticar, superou as minhas expectativas!”
superou as minhas expectativas
Após a apresentação do SIMULESTE, Felipe agradeceu a presença de todos: alunos da EFOMM, professores do CIAGA e oficiais presentes. “Gostaria de registrar minha imensa gratidão pela ajuda do professor Adilson Coelho que foi um divulgador do projeto e pivô para o sucesso deste, permitindo que eu colocasse minhas ideias em prática”. Também agradeceu ao Centro de Instrução e, em especial, ao Exmo. Sr. C Alte Gilberto Cezar Lourenço pelo reconhecimento ao trabalho. O recém-formado PON pretende seguir o conselho de procurar meios de registrar sua ideia diante do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Entrevista e Fotos: Al. Berço Cruz e Al. Fernanda Batista.
Texto: Al. Colares.