A Marinha Mercante, em seu dever de gerar riquezas para o país, tem a tarefa de importar e exportar animais para movimentar a indústria agropecuária da nação. Milhares de bois, ovelhas e bodes são transportados por várias milhas náuticas. A grande responsabilidade para com a carga e para com aqueles seres vivos demanda uma série de requisitos de igual importância que devem ser cumpridos antes, durante e depois da viagem.
Primeiramente, a adaptação de um navio curral é regida por uma legislação muito específica, e deve-se obter uma autorização e uma licença de uma autoridade especializada na área. Esses navios normalmente são adaptados a partir de graneleiros e petroleiros, muitas vezes devido às excretas corrosivas dos animais que transporta, por exemplo de ovelhas. Não é lucrativo construir um novo casco se continuará sujeita a corrosão durante a viagem. Há dois tipos de navios que transportam carga animal: o de curral fechado e o de curral aberto. A principal diferença entre os dois tipos é quanto à ventilação necessária para o habitat dos “passageiros”. Enquanto o curral fechado (abaixo do convés principal) necessita de um potente e constante sistema de ventilação, que recicla o ar de 60 em 60 segundos, o curral aberto deixa os animais expostos no convés principal. O problema do último tipo é que, além do vento, os mesmos animais são constantemente atingidos por borrifos de água salgada que podem vir a ser muito prejudiciais à saúde deles.
Além do ar para não sufocar os animais, da enorme quantidade de alimento (normalmente, por segurança, o dobro do necessário para a viagem) e da água produzida por dessalinizadores a partir da água do mar (pelo processo de osmose reversa), são necessários vários outros cuidados com essa carga. Antes de embarcarem, veterinários procuram alguma doença infecciosa nos animais e depois do navio alcançar seu destino, são reavaliados no mesmo quesito, visto que é possível contrair alguma patologia embarcado.
Durante toda a derrota os animais devem receber cuidados de seus criadores.
Durante toda a derrota os animais devem receber cuidados de seus criadores. Apesar desse carregamento ter o valor estimado em milhões de dólares, antes de tudo são seres vivos. Além do embarque da carga, para que não ocorram atrasos, os criadores do gado são responsáveis pela saúde dos animais, devendo saber combater ocasionais enjoos e outras doenças. Devem manter o curral limpo e os animais bem tratados e alimentados. Um fato curioso: é muito comum que os animais engordem durante o trajeto, e não o contrário!
A respeito do navegante, os oficiais do passadiço devem prezar antes de tudo pela distribuição dos pesos a bordo. A ordem que o gado de cada curral é embarcado e desembarcado é de extrema importância para a integridade da estabilidade do navio. Também precisam estar a par das condições meteorológicas ao longo do percurso, traçando a derrota mais segura para a carga viva. Os oficiais de máquinas têm a tarefa de assegurar o bom funcionamento dos sistemas de ventilação, alimentação e água, todos mecanizados. Um ponto fundamental é o armazenamento de feno nos porões do navio. O material, muito volátil, deve ser mantido de modo que não fique em um local nem muito úmido nem muito seco. Caso contrário, o sistema de CO2 e a rede de incêndio devem ser capazes de apagar o fogo em segundos.
Um dos maiores navios currais do mundo é o MV Becroux, embora já esteja um pouco ultrapassado. Atualmente cada vez mais navios são construídos na China com a inovadora proa XBOW, que garante melhor desempenho do navio no mar e um conforto maior para a carga e os tripulantes. Apesar do risco, o navio curral continua a provar ser a maneira mais praticável e eficiente de transportar carga viva pelo globo desde a Arca de Noé.
Contribuição: CLC Sidnei Esteves e OSM Luiz Leal