Um mercante leva consigo inúmeras derrotas traçadas não só nos imensos mares percorridos, mas também em sua longínqua história pessoal, carregando uma escolha para toda a vida. Dos dias 6 ao 13 de julho de 2021, os alunos do 1° e 3° ano da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante estiveram a bordo do NDM (Navio Doca Multipropósito) Bahia – 2° maior navio da Marinha do Brasil. Na operação denominada de MERCANTEX, esses alunos vivenciaram experiências únicas ao mar.
Nessa viagem, os “primeiros anistas” tiveram a oportunidade de solidificar a escolha, feita ao final do 1° ano, entre a carreira de Oficial de Náutica ou de Máquinas. Já os alunos do 3° ano, tanto de Máquinas como de Náutica, puseram em prática o conhecimento adquirido ao longo dos anos de formação na EFOMM.
Diário de Bordo:
Dia 01 (06/07) –
No primeiro dia de embarque, os alunos do 1° e parte dos alunos do 3° ano foram levados do CIAGA à Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), onde o NDM Bahia estava atracado. Ao chegarem ao navio, conheceram as acomodações onde dormiriam pelas próximas 6 noites. Após deixar suas bagagens nos devidos alojamentos, o Corpo de Alunos foi reunido no Convés de Aviação para receber as boas-vindas do CMG Conti, comandante do NDM Bahia.
Dia 02 (07/07) – Na manhã do dia 02/07, logo após o café, o navio desatracou da Base Naval às 09:00. Pouco antes da desatracação, foi “tocado” o Detalhe Especial para o Mar (DEM), o que indica que o navio começará a navegar por águas restritas. Depois de algum tempo de navegação, foi realizado um exercício helicóptero da Marinha. Tratava-se do adestramento do aviador naval que pilotava a aeronave. Por fim, às 19:00 houve o briefing diário, evento o qual tem o papel de esclarecer as tarefas do dia e listar aquelas planejadas para o dia seguinte.
Dia 03 (08/07) –
Antes do amanhecer do terceiro dia a bordo, os alunos praticaram o TFM (Treinamento Físico Militar), às 06:00, e presenciaram um cenário único e restrito àqueles que se aventuram nos grandes oceanos: o nascer do sol visto a bordo de um navio. Às 09:00 o Bahia atracou nas proximidades de Ilha Grande, RJ. Lá dois exercícios foram realizados: o primeiro, às 09:30, foi o exercício de postos de abandono.
O segundo, realizado após o almoço, é denominado de CAv (Controle de Avarias). Nele, os alunos da EFOMM foram instruídos por parte da tripulação do navio sobre os equipamentos de combate a incêndio a bordo. Após a janta, houve o briefing diário que contou com a participação do Al. Figueiró na apresentação do Painel de Porto.
Dia 04 (09/07) – Neste dia ocorreu a tão esperada chegada ao Porto de Santos. Às 08:00 o DEM foi tocado e os alunos assumiram seus devidos postos. Vale ressaltar a troca e uniforme: todos da tripulação vestiram o 4.5 (ou azul de verão) – um dos uniformes formais da Marinha do Brasil. Às 09:30 o Bahia terminou sua atracação e assim que tudo tinha ficado seguro, a tripulação pôde desembarcar e conhecer a cidade de Santos, SP.
Dias 05 (10/07) e 06 (11/07) – Período de licenciamento concedido durante a atracação do navio no Porto de Santos – maior porto referente a entrada e saída de embarcações de grande e pequeno porte em todo o litoral brasileiro. Durante tal intervalo de tempo, atividades variadas foram buscadas pelos tripulantes e alunos da EFOMM na cidade, como distintos pontos turísticos, atrações locais e peculiaridades da cidade, mostrando, desse modo, um pouco da vivência na cidade de Santos- SP.
Dia 07 (12/07) – Na manhã do 7° dia de viagem, o navio e sua tripulação realizaram a manobra de “suspender” (suspender é içar a âncora, recolhendo a amarra, para o navio se mover ou navegar), assistida por todos os alunos da EFOMM no passadiço nos e conveses exteriores.
Às 10:00 da manhã do mesmo dia, os exercícios de CAv (Controle de Avarias) e Combate a incêndio foram iniciados concomitantemente, simulando situações reais de reveses possíveis no navio. A participação de todos é imprescindível. Assim, as instruções podem ser passadas diretamente, para o controle de tal problemática e especificidades diante de abrasamentos.
Logo após as atividades matutinas, houve o exercício, para todo o corpo de alunos presente a bordo, de teste de equipamentos pirotécnicos e fumígenos, às 12:15. Neste exercício, os alunos puderam visualizar, ao vivo e em cores, a pirotecnia usada em caso de emergência no mar.
Dia 08 (13/07) – Toque para guarnecer DEM a fim de fundeio nas proximidades da Escola Naval para a retirada de bordo do Diretor de Portos e Costas (DPC) – Alexandre Cursino de Oliveira -; seguidamente, atracação na Base Naval de Mocanguê às 15:23. Para fim do dia, a chegada ao CIAGA às 16:17 simbolizou o término de um embarque o qual proporcionara aperfeiçoamento e direcionamento de todo o Corpo de Alunos.
A conclusão de um período como este tem a capacidade de mostrar não somente questões técnicas, mas também que influenciarão diretamente a vida de futuros mercantes, seja no mar ou em terra. A aplicabilidade do ensinado durante o curso de formação de 3 anos se torna ainda mais eficiente; os conhecimentos adquiridos transformam-se em fatores ímpares ao crescer técnico-profissional. Para quem ainda está em dúvida acerca da sua escolha, é uma oportunidade ideal para desbravar cada área, tendo como finalidade o reconhecimento, e, por fim, a decisão certeira e consciente do curso que irá seguir.
Texto: Al. Xaiane Xavier e Al. Figueiró