Meu sonho de ser Oficial da Marinha Mercante teve início quando fiz o curso técnico de Portos no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Foi lá que conheci as muitas oportunidades de trabalho que envolvem o transporte de cargas pelo mar. Apaixonei-me pela área e queria fazer parte disso. Decidi que, ao concluir o curso, iria fazer o processo seletivo para a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM).
Quando fiz a prova da EFOMM não acreditei que realmente seria aprovado. Meu nome não estava entre os convocados e eu já tinha até desistido de consultar o site do CIAGA em busca dos resultados das etapas seguintes. Um tempo depois da divulgação da convocação para os exames de saúde, uma lista com novos nomes foi divulgada e por acaso abri o site 3 dias antes do dia que seria a minha inspeção de saúde, eu tinha sido chamado na segunda convocação e daria continuidade no Processo Seletivo. Naquele momento, a explosão de ânimo foi gigante, mas não durou muito porque eu não estava bem classificado e já tinha aceitado que este sonho ficaria mesmo para o concurso do ano seguinte. Mesmo assim, decidi que continuaria. Providenciei às pressas os exames, fiz a prova física e aguardei as próximas publicações.
Na convocação para o Período de Adaptação meu nome constava como candidato reserva. Conversei com a minha família, vimos as convocações do ano anterior e decidimos acreditar! Todos me apoiaram muito, embora o futuro fosse incerto, decidimos comprar o enxoval. A expectativa era muito alta. Enquanto antes não tinha perspectiva nenhuma de que seria aprovado, passei a imaginar todas noites antes de dormir como seriam os dias que se aproximavam.
No primeiro dia de adaptação fui convocado para me apresentar no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA). A felicidade tomou conta de todo o meu corpo. Nada consegue explicar o sorriso de orelha a orelha ao ligar emocionado para minha mãe para comunicar a aprovação, e sentir que do outro lado a emoção é gigante e recíproca. Nada supera o parabéns seguido de todos elogios do pai. Das felicitações de amigos e de professores. Naquele momento a gente pode até não saber o que nos esperava, mas você sente que fez a coisa certa. Era o início de um sonho.
Era só o início. A adaptação não foi fácil. Era muita coisa pra aprender. Correria. Gritaria. Vibração! Mão espalmada, horizonte perdido. Eu estava perdido nos primeiros dias. Um mundo novo estava diante dos olhos da recém formada Turma XX e a gente não tinha tempo pra acompanhar na mesma velocidade todas as transformações que estavam acontecendo ali. A gente não tinha tempo! A primeira semana doeu. Saudade de casa, dos pais, dos amigos. Saudade do conforto do ninho que sempre foi seu. Mas isso passa… A adaptação passa e é notável como tudo aquilo fez a diferença em nossas vidas. Cantar o Hino Nacional pela primeira vez vestido de branco e receber as platinas junto daqueles que tanto nos apoiaram marca a transição de candidato a fera. Coroa, da maneira emocionante, um período intenso e necessário. São detalhes que carregaremos eternamente em nossas memórias. São histórias que contamos com orgulho para os nossos familiares orgulhosos. São vivências que contribuem para que queiramos sempre ser melhores que já fomos. São velas que iluminam os caminhos daqueles que em breve se aventurarão marchando pela primeira vez na Alameda Alegrete.
Como tudo começou
Aluno do primeiro ano Perini relata sua trajetória até ingressar na EFOMM