Bom, meu nome é Yago Alcoforado, sou formado pela EFOMM em 2015 e fiz minha praticagem na DOF, antiga Norskan Offshore. Na época, as empresas ofereciam processo seletivo por meio de provas de inglês e, dessa maneira, não era feita a disputa por antiguidade e sim por conhecimento do idioma. Com isso, obtive êxito nos processos da Subsea7 e na associação que englobava as empresas DOF, Farstad, Solstad e Olimpic. No entanto, dentre essas, apenas a DOF ofertou vaga, sendo que era um total de 3 vagas.
O teste foi aplicado no auditório do CIAGA, era composto de uma prova escrita e de compreensão do idioma. A próxima etapa foi uma entrevista, também no auditório, em seguida ocorreu uma entrevista comum de emprego com perguntas do porquê da escolha pela EFOMM, sobre máquinas e os pontos positivos e negativos individuais.
O embarque aconteceu em junho do ano seguinte e foi finalizado no dia 23 de dezembro de 2016. Foram duas “pernadas” em dois tipos de embarcações diferentes, AHTS (embarcação de ancoragem) e RSV (embarcação de pesquisa). Foram 90 dias de embarque, seguidos de 12 dias de folga e mais 96 dias embarcado no Offshore.
Dessa experiência toda eu tenho uma frase: “Don’t rush thing out (não se apresse)“.
Mas voltando ao que interessa, meu primeiro dia a bordo foi como todos os outros, havia muita coisa pra processar em um curto espaço de tempo além de uma correria monstruosa. Meu primeiro tratamento foi: ”Pratica, que barba é essa?”, disse o chefe de máquinas. Mas no geral, a tripulação era bem tranquila.
Minha rotina a bordo variava de acordo com a turma que estava embarcada. No início, meu horário era de 07:00 às 19:00 e depois passou a ser de 12:00 às 24:00. Minha rotina era basicamente acompanhar tudo que era feito na praça de máquinas durante meu serviço e mais que isso, me familiarizar com tudo. Como meu antigo chefe dizia: “Pratica, sua primeira função aqui é conhecer todos os equipamentos e a condução porque essa vai ser sua função. Depois que você souber fazer isso, é a hora de evoluir pra outras áreas.”
A maior dificuldade que eu enfrentei foi essa mudança abrupta de rotina. Ninguém sabe como é o trabalho embarcado até efetivamente embarcar, e um dos pontos mais importantes de bordo é você correr atrás de tudo que deseja, não espere que ninguém te ensine ou mostre sobre equipamento ou operação alguma, sempre busque, mostre que está interessado, pergunte, se está na dúvida, não faça! Uma dúvida pode custar milhares de dólares.
Os dois barcos que passei, foi o barco de manuseio de âncoras AHTS e um de suporte ao ROV. O segundo, com tripulação mista, onde tive a oportunidade de trabalhar com noruegueses, poloneses, filipinos e chilenos. Uma experiência muito boa, sempre fui tratado com bastante respeito mesmo sendo praticante. No barco com a tripulação brasileira, as posições eram bem divididas de acordo com a função, tais como Chefe, Subchefe, Oficial e Praticante. Já no barco de tripulação mista, todos faziam de tudo. Desde o Praticante até o Chefe, todos faziam as mesmas coisas de acordo com a competência. Se o praticante soubesse realizar uma manutenção, ele o faria independente da função.
Após o término, a documentação fica pronta em torno de 1 mês e meio e a partir dali você já pode embarcar. Minha sina durou 1 ano e 1 mês. Fiquei esse tempo trabalhando como monitor de matemática e física em uma instituição de ensino, onde seguiria minha carreira caso não recebesse nenhuma proposta. Mas ela apareceu, e de maneira que eu nunca esperaria. Fui convidado para ser Chefe de Máquinas em rebocadores portuários, aqueles barcos não tão pequenos que trabalham no porto, que apesar do tamanho possuem uma potência bem elevada.
Histórico
- 2015: Me formei;
- 2016: Pratiquei;
- 2017: Fiquei desempregado;
- 2018: Trabalhei e assim estou até agora.
A minha história foi um pouco aleatória pois meu primeiro emprego foi como Chefe de Máquinas em um rebocador portuário em virtude de brechas em legislação. Eu pratiquei na DOF em 2016 e passei em todos os processos seletivos de empresas estrangeiras: Subsea, Maersk e Associação (DOF, Farstad, Solstad e Olímpic). Eu também escrevia pro Jornal Pelicano na época da EFOMM, mas era mais referente a esportes.
O Jornal Pelicano agradece ao 2OM Yago Alcoforado pela disponibilidade. Bons ventos e mares tranquilos!