1 – COMO A SENHORA SE SENTIU SENDO MÃE DE PRIMEIRA VIAGEM?
“A gente morava em Ladário, interior do Mato Grosso do Sul. Foi um desafio bem grande. Assim que soube que estava grávida, minha primeira preocupação foi “vou criar um ser humano!”. Foi um misto de alegria com o medo da responsabilidade da criação.”
2- QUAL FOI A SENSAÇÃO DE DESCOBRIR QUE ESTAVA GRÁVIDA DE GÊMEAS?
“Levei alguns meses para digerir a informação, porque nunca imaginei ser mãe de gêmeas, então foi uma surpresa bem grande. Agora vejo que Deus só dá aquilo que podemos suportar. Nunca me imaginei mãe de três, mas vieram duas de uma vez. No início foi susto, mas depois a gente vê que é uma bêncão. Não é fácil, mas me senti privilegiada por Deus por ter sido agraciada por essa gravidez.”
3- QUAL FOI O PRIMEIRO PENSAMENTO EM RELAÇÃO AO PROFISSIONAL?
“”Será que vou dar conta?”, sempre tem essa pergunta!
“será que vou conseguir dar conta do trabalho e cuidar de três crianças?”, ainda mais que aqui eu não tenho o apoio de ninguém, é só eu e o meu marido. Graças a Deus, ele também participa ativamente da criação das crianças e nós somos muito parceiros em todas as áreas. Está dando certo! É meio cansativo, muitas noites sem dormir, mas faz parte. Acho que estamos fazendo um bom trabalho e a nossa parceria está dando certo para criar esses três bebês que Deus mandou para a gente.”
4- QUAIS SÃO OS DESAFIOS ENFRENTADOS NO PROFISSIONAL POR SER MÃE?
“Há algumas questões, como viajar, tirar serviço, ficar longe de casa. Isso interfere mais nas bebês, na questão da amamentação a gente ainda tem que se desdobrar para tentar não mudar muito a rotina delas. Antes ficávamos juntas 24h por dia, então foi uma separação brusca, mas o desafio é saber conciliar o profissional com o pessoal e não deixar um sobressair sobre o outro, saber dividir o tempo. Quando estiver no trabalho, dedicar-se a ele e, quando estiver em casa, ter um tempo de qualidade com a família.”
5- QUAIS SÃO OS DESAFIOS QUE A SENHORA ACHA QUE TERIA NA MARINHA MERCANTE?
“O desafio que todo mundo enfrenta, a distância. A parte mais difícil da Marinha Mercante, até mesmo para quem não é mãe, é a distância dos entes queridos, das pessoas que você ama. Ter que ficar longe dos filhos, isso é muito complicado, muito jogo de cintura e muita cabeça para poder saber lidar com essa situação. Então o desafio é a distância, apesar de termos bravas guerreiras que se arriscam, conseguem e ficam um tempo bom na Marinha Mercante e acho isso muito louvável. Concilicar a Mercante com a maternidade é algo que deve ser aplaudido de pé, porque conciliar a maternidade com o trabalho em terra já é complicado e na Marinha Mercante é muito mais. Um ‘bravo zulu’ para essas mulheres do mar!”
6- UM CONSELHO PARA QUEM QUER SER MÃE E TEM MEDO POR CONTA DO PROFISSIONAL
“Claro que dá medo, não só nisso, mas em outros aspectos da vida nas decisões que vamos tomar, porém tudo vai se ajeitando com o tempo. Você vai conseguindo conciliar a criação dos seus filhos com o seu trabalho. Se você gosta do seu trabalho, você vai consegui conciliar. Também é muito importante o seu trabalho saber as suas necessidades, que às vezes você vai precisar se ausentar, porque seu filho ficou doente ou há alguma questão para resolver em relação aos filhos. Conciliar é possível, sim, tanto que muitas mães trabalham fora e têm filhos. O conselho é não deixem de ter filho porque trabalha fora ou, se trabalha fora, não tem motivo para abandonar o trabalho. Claro, tem gente que faz isso por opção e está tudo bem, cada um com as suas escolhas. Mas, se você gosta do seu trabalho, tente conciliar que dá certo. Isso não vai impedir de ter um tempo de qualidade com seus filhos. É difícil? É! Mas a gente consegue!”
7- UM CONSELHO PARA OS HOMENS
“Não deixem tudo para que a mulher pense. ‘Ah, a mulher que sabe. A mãe que sabe’. Quando envolve aspectos da criação dos filhos, tentem ser mais presentes, mais participativos. Acompanhar de perto os aspectos da escola, saúde da criança e do desensolvimento. Até para que ele tenha um vínculo maior com a criança, também eduque, ensine a criança as responsabilidades. Os filhos são muito observadores, então se espelham naquilo que estão vendo. Não adianta falar e não ser. Sejam mais parcipativos, não só o ajudante da mulher e, sim, tomem a frente para que os dois sigam juntos criando a criança e uma família feliz.”
8- ALGO QUE A SENHORA GOSTARIA DE FALAR, MAS NÃO FOI PERGUNTADO
“Às mães, dizer que somos fortes. Às vezes parece muito difícil, parece que não vamos conseguir. Eu pensei muito isso quando soube da gravidez de gêmeos, mas é ter força de vontade. Vamos com medo, não vamos desistir, porque a gente consegue!”
Entrevista feita em comemoração ao Dia das Mães com a Capitão-tenente Marcela, comandante da 5ª CIA do Corpo de Alunos da EFOMM.
Entrevista: Al. Daniel de Oliveira