O Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, importante peça para a consolidação do Poder Marítimo Brasileiro, surgiu do Decreto 68.042, de 12 de Janeiro de 1971. Em 2021, esta Organização Militar, verdadeira Universidade do Mar, completou 50 anos de excelentes serviços prestados em prol do desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo. Pensando nas comemorações dos 50 anos do CIAGA, o Jornal Pelicano preparou uma série de reportagens que objetivam mostrar as particularidades desse Centro de Instrução.

Foto: Al. Arthur Schmitt

A primeira reportagem é sobre o Projeto João do Pulo, que atende atletas com deficiência física nas instalações esportivas do CIAGA. Conheça!

O esporte, além de meio para fortalecimento do corpo, também exercita a mente, trazendo como complemento da atividade física a interação social. Percebe-se então a grande importância que o paradesporto tem para uma pessoa com deficiência. Além de impor a ela novos desafios, contribui também para uma melhora na qualidade de vida.

 

Origem

O Programa Segundo Tempo (PST) é uma ação da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania que busca promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens. Visa democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte educacional como fator de formação da cidadania e melhora da qualidade de vida. Seu público principal é aquele que se encontra em situação de vulnerabilidade social e regularmente matriculado na rede pública de ensino.

Como previsto na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, “Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente da República. “. Dessa forma, no âmbito do Ministério da Defesa (MD), o PST é desenvolvido com características peculiares sob a denominação de Programa Forças no Esporte (PROFESP) e Projeto João do Pulo (PJP).

O Projeto

Foto: Al. Arthur Schmitt

O Projeto João do Pulo (PJP) foi desenvolvido pelo Ministério da Defesa, ao pensar em um projeto social inovador na seara da Educação Física inclusiva e do esporte adaptado, voltado a promover a reintegração social dos militares que se tornaram pessoas com deficiências físicas. Seu nome se origina da homenagem feita ao desportista militar João Carlos de Oliveira, que teve sua perna direita amputada em decorrência de um acidente automobilístico.

O PJP ganhou relevância e foi ampliado, em função da consolidação e da experiência adquirida pelo PROFESP, visando estender seu atendimento, também, ao público não militar (comunidade civil e família militar). Além de ter mantido o seu objetivo original de promover a valorização pessoal e o fortalecimento da integração social por meio do esporte para os militares com deficiência, o PJP agregou os demais objetivos do PROFESP, ampliando o público assistido.

Foto: Al. Arthur Schmitt

As ações conduzidas pelo PJP também têm como suporte a utilização das instalações e dos equipamentos esportivos e paradesportivos, da infraestrutura e da logística disponibilizados pelas organizações militares (OM) das Forças Armadas participantes do PROFESP. Isso ocorre por intermédio dos Núcleos de Atividade Paradesportiva (NAP) (deficiências graves) que funcionam em parceria com a comunidade, a iniciativa privada, os demais segmentos do poder público e privado, o sistema esportivo organizado civil e militar.

 

CIAGA em Ação! 

A adesão do CIAGA (Centro de Instrução Almirante Graça Aranha) ao PJP dependia de se estabelecer um Acordo de Cooperação com uma entidade civil que tivesse expertise em ações com pessoas com deficiência. No fim do ano de 2020, foi firmado este acordo com o Rio de Janeiro Power Soccer Clube (RJPS). Este Clube é uma sociedade civil sem fins lucrativos e têm por finalidade desenvolver esportes voltados a usuários de cadeira de rodas, denominado paradesportos, através da promoção gratuita da educação esportiva atendendo os princípios da inclusão e assistência social.

O RJPS surgiu em 2014, através da iniciativa pessoal de Bruno Fernandes (fundador e presidente do clube) motivada por seu filho Lucas. Amante do futebol convencional, o maior desejo do pequeno Lucas na época era jogar bola. Cadeirante, o power soccer veio a ser um novo meio de superar suas limitações físicas e se aproximar de sua paixão.

Atleta da Bocha no Ginásio do CIAGA
Atleta da Bocha no Ginásio do CIAGA. Foto: Al.                              Arthur Schmitt

A adesão do CIAGA ao PJP, visa captar dentre a “família naval” e através da Pastoral do Menor, beneficiados que sejam eletivos para as modalidades de Power Soccer (futebol em cadeiras de rodas) e da Bocha Adaptada Paralímpica. O objetivo é que, junto com os atuais atletas do RJPS, os futuros participantes estabeleçam a prática de atividades esportivas e físicas saudáveis, assim como o desenvolvimento de atividades socialmente inclusivas, e o desenvolvimento dos esportes acima elencados nos níveis básico, intermediário e de alto rendimento.

Os primeiros treinos do Rio Power Soccer tiveram seu início nas quadras do Aterro do Flamengo. De la pra cá, o clube ja treinou em muitos lugares da cidade e elevou a qualidade do time viajando para competições no Uruguai, Argentina e Canadá. Atualmente os treinamentos do atua campeão da Champions Cup e tetracampeão brasileiro de futebol em cadeiras de rodas ocorrem no CIAGA e visam o alto desempenho do atleta nas competições que ocorrem tanto em escala nacional quanto internacional. A equipe de bocha, inclusive tem entre seus membros o atleta da seleção brasileira Lucas Araujo que esteve entre os convocados nos Jogos Rio 2016. Ao lado dele, outros atletas aguardam as próximas competições para estrear na modalidade.

Foto: Al. Arthur Schmitt

Segundo o Capitão de Fragata (RM1) Jorge Felippe da Cruz Neto, Coordenador-Geral do Projeto no CIAGA, o PJP tem a meta de atender 40 atletas. Atualmente são cerca de 30 efetivamente inscritos no RJPS. Para ele, iniciativas como o Projeto João do Pulo servem de exemplo para países em todo o mundo. Hoje o Brasil detém um grandioso número de atletas paralímpicos medalhistas e ocupa lugar de destaque no que se refere às paralimpíadas. Atuando como verdadeiras catapultas, essas iniciativas revelam grandes talentos e desencadeiam novas paixões.

Hodiernamente, o clube sustenta dois importantes pilares, o primeiro visa buscar o alto rendimento do paratleta. O segundo tem como horizonte a inclusão social da pessoa com deficiência através da pratica esportiva. Dessa maneira, o CIAGA trabalha para a inclusão de pessoas com deficiência e contribui para o desenvolvimento como disposto nas atribuições subsidiárias que lhe cabem.

As fotos do Projeto João do Pulo podem ser acessadas em nossa Página no Facebook. Clique aqui!

Ficha Técnica:

Coordenador do Projeto: Al. Perini Fotos: Al. Arthur Schmitt
Revisão: Al. Julia Zandomingo e Al. Pablo Nascimento Apoio: Al. Sofia e Al. Julia Zandomingo
Texto: Al. Vinicius Brito Agradecimentos: CIAGA, RJPS, CF Felippe
Entrevistas: Al. Figueiró e Al. Paraizo