Dentro de cada embarcação mercante avistada da praia, mora um dilema, famílias que emprestam seus pais, mães que emprestam seus filhos. 7 letras: SAUDADE. Pessoas que encontram no mar um refúgio, falar da mercante, é falar de prova de amor. Enfrentar o mar requer espírito aventureiro, requer não se apegar a partidas e ao mesmo tempo valorizar as chegadas, entender que não estar presente não significa necessariamente se fazer ausente, aprender a demonstrar carinho de longe, ser forte. A mercante requer amor, não só pelo que é deixado em terra mas pelo que é encontrado lá, aMAR. O sentimento despertado em alto mar, é único. O amor pela Escola de Formação, o amor pela rotina, o amor pela profissão, o amor pelos benefícios, também. O desejo de ser marítimo é despertado por motivos diversos, em uns compromisso com a pátria, em outros a possibilidade de mudar de vida. A controvérsia consiste em ter um coração dividido, metade mar, metade terra.
A rotina de um oficial mercante é por muitos vista como cansativa, mas até aonde se vai por um sonho? Abrir mão de estar em casa, acostumar-se por estar distante da família de sangue e criar uma família unida pela água salgada. O confinamento abordo força a interação entre os tripulantes e criar um laço acaba sendo inevitável, novos irmãos são formados e as vezes novos filhos. Estar em alto mar não significa não ter alguém pra dividir as saudades, significa aprender a confiar sua vida em pessoas novas e tudo isso em prol do desenvolvimento da nação.
O fim das viagens são marcados pela esperança, novidades aguardam no porto. O desembarque é o combustível para o próximo embarque. Ser mercante é olhar a vida de uma perspectiva diferente, não se apegar a coisas e nem a pessoas. Os mercantes são colecionadores de momentos.
“Existem três tipos de homens: os vivos, os mortos e os que vão para o mar.” – Platão