Neste ano de 2016, completaram-se cem anos do maior acidente naval ocorrido em águas brasileiras: o naufrágio do navio Príncipe de Astúrias, em Ilha Bela – SP, que levou a óbito mais de 400 pessoas.
Em 1908 o armador espanhol Pinillos Yzquirdo y Cia inaugurou uma linha regular de transporte de carga e passageiros entre Europa e América do Sul. Porém, com o aumento da procura pela viagem ao Brasil, os espanhóis encomendaram dois navios mistos de porte médio, e dentre estes encontrava-se o navio Príncipe de Astúrias, uma luxuosa embarcação que contava com uma biblioteca para uso exclusivo dos passageiros e camarotes com até três cômodos. Além disso, a embarcação possuia um casco duplo em toda a sua extensão, compartimentos estanques e compartimentos de lastro que podiam ser enchidos ou esvaziados com facilidade (assim o navio adquiria uma estabilidade maior em qualquer situação).
A VIAGEM FINAL
No dia 17 de fevereiro de 1916, o navio partiu de Barcelona (Espanha) rumo a Buenos Aires (Argentina), com 578 pessoas oficialmente registradas como passageiros ou tripulantes para a sua 6ª viagem. Entretanto, na madrugada do dia 5 de março, sua tripulação enfrentava mau tempo, com forte chuva e baixíssima visibilidade, quando o seu comandante avistou um raio, em cujo clarão observou a proximidade do navio em relação à terra.
Imediatamente, o Capitão José Lotina Abrisqueta ordenou à sua tripulação toda força à ré e que o leme deveria ser desviado completamente para boreste, porém já não havia mais tempo. Desta forma, o navio bateu violentamente nos rochedos da Ponta do Boi, abrindo-se uma enorme fenda em seu casco. Em seguida, houve um alagamento na praça de máquinas, o qual contribuiu para que duas caldeiras explodissem, consequentemente acelerando o naufrágio do navio e por conseguinte causando a morte de 455 pessoas, todavia 143 conseguiram se salvar.
Curiosidades
O acidente ocorreu às 0415 do dia 05 de março de 1916.
Oficiais relataram que o Cmdt. José Lotina e seu Imediato, Antônio Salazar Lins, decidiram se matar, cada qual com um tiro em sua cabeça, todavia seus corpos nunca foram encontrados.
Alguns sobreviventes agarraram-se a fardos de cortiça para manterem-se na superfície.
Os navios Vega e Patricio de Satrústegui recolheram muito dos sobreviventes e alguns cadáveres.
Havia um brasileiro a bordo, o estudante de engenharia José Martins Viana, de 20 anos, o qual sobreviveu ao naufrágio.
O embarcação transportava uma valiosa carga de 40.000 libras-ouro, e também 12 estátuas de bronze que faziam parte do Monumento “La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas” do Parque Palermo, oferecido pelo governo da Espanha ao presidente argentino, em virtude do centenário da independência do país Sul-Americano.
Até os dias atuais existe um mistério sobre o real número de passageiros do navio, pois informações da época davam conta que 800 pessoas viajavam clandestinamente na embarcação fugindo da I Guerra Mundial, porém os corpos destes nunca foram encontrados.
As causas do acidente foram as fortes correntes que mudaram o rumo do navio, além do desvio das agulhas da bússola, motivadas pelas perturbações atmosféricas da tormenta e a existência de materiais de ferro e pedras imantadas na ilha.
Características do Navio
Príncipe de Astúrias
Construção: 1914
Lançamento: 30 de abril de 1914
Tipo de navio: Paquete
Deslocamento: 16500t
Comprimento: 150m
Boca: 18,7m
Pontal: 12m
Calado: 9,6m
Propulsão: Duas hélices movidas por um motor de expansão quádrupla, com potência nominal de 1134HP
Velocidade:
18 nós (33 km/h) em média
15 nós (27 km/h) totalmente carregado
Passageiros
Primeira classe: 150
Segunda classe: 120
Terceira classe: 120
Alojamentos: 1 500
Capacidade total: 1 890