No último dia 22 de outubro, como parte das atividades acadêmicas programadas para o 2º Dia do ComCA de 2015, 42 alunos do 3º ano do Curso de Náutica da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) visitaram o Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo (COMCONTRAM), no Centro da cidade do Rio de Janeiro. A Organização Militar (OM) da Marinha do Brasil é responsável pela operação dos sistemas brasileiros de monitoramento remoto de navios.
No auditório do Comando de Operações Navais, o Ilmo. Sr. Comandante do ComCoNTRAM, CMG Villa Bôas e demais oficiais os recepcionaram com uma breve apresentação institucional. O ComCoNTraM presta apoio às operações de socorro e salvamento (SAR) à embarcações mercantes nas áres de responsabilidade SAR do Brasil e realiza o controle das estrangeiras que navegam nas águas sob jurisdição do país (AJB). “Nós entendemos que esta visita é muito importante para que, vocês, brasileiros, futuros tripulantes dos navios mercantes, saibam que a Marinha do Brasil está sempre os acompanhando”, declarou o Comandante.
Os alunos puderam conhecer diretamente o outro lado da sofisticada ferramenta de controle e monitoramento de tráfego marítimo o qual serão usuários, no futuro, como oficiais da marinha mercante e a qual apenas possuíam conhecimento teórico das salas de aula. A 1ª Ten (T) Andréa Gonzalez, oficial de náutica formada pela EFOMM e agora uma das militares responsáveis pela operação dos subsistemas do SISTRAM, explicou como os futuros oficiais poderão cadastrar informações sobre a embarcação que tripularem, no sistema. “Uma das nossas maiores dificuldades é a falta de cadastro de informações de contato dos navios”, reclamou, demonstrando aos alunos como o fazerem, diretamente, seguindo as instruções deste link.
O Sistema de Informação do Tráfego Marítimo (SISTRAM) é um aparato técnico-informático que permite seus operadores, em terra, saberem a exata posição de uma determinada embarcação assim como conhecerem seu percurso planejado. Tais informações são adquiridas pelo Sistema Automático de Identificação (AIS) dos navios, pelo sistema de Identificação e Monitoramento de Longa Distância (LRIT) ou através do preenchimento regular de um formulário disponível no site do SISTRAM pelos tripulantes das embarcações. Tais informações são de extrema relevância, principalmente, para a prestação de socorro em caso de acidentes no mar. “Todos os navios mercantes são convidados a participar do sistema, mas os brasileiros ou estrangeiros que naveguem nas AJB têm obrigatoriamente que submeter tais informações” afirmou Andréa Gonzales.
O SISTRAM, atualmente, encontra-se em sua quarta versão, sendo seu desenvolvimento completamente realizado pelo Centro de Análise de Sistemas Navais (CASNav). É um dos sistemas de monitoramento e controle de navios de implantação pioneira no mundo. “O sistema atual possui mapas em três dimensões” revelou a tenente. “Frequentemente, equipes de outros países vêm aqui para ver como fazemos e nós também vamos a outros países para podermos observar o deles e melhorar o nosso”, também, declarou.
Além do centro de monitoramento, os alunos também puderam conhecer as instalações do SALVAMAR Brasil e SALVAMAR Sueste, que são centros e subcentros regionais de coordenação e controle de operações SAR. Trabalhando em conjunto com sistemas mantidos e operados pela Força Aérea Brasileira e em acordo com convenções internacionais, o SALVAMAR Brasil monitora e apura através dos equipamentos rádio HF DSC, Inmarsat C e poucos outros partes do GMDSS, pedidos de socorro de quaisquer embarcações em seu alcance. “Vinte quatro horas por dia, sete dias da semana, nós ficamos alerta para a recepção e apuração de pedidos de socorro” declarou o Sgt Manhã, militar que demonstrou o trabalho no SALVAMAR Brasil.
Um dos fatos preocupantes os quais os alunos tomaram ciência é das estatísticas de chamadas falsas. “A nossa maior dificuldade aqui no ComCoNTraM é lidar com os pedidos falsos de socorro” afirmou o próprio comandante da OM, CMG Villas Bôas. O quadro apresentado na apresentação aos alunos apontou que em 2014, mais de 70 por cento dos pedidos foram falsos positivos. “O tripulante aciona o alerta de distress por descuido ou inabilidade com o equipamento e isso nos obriga a apurar se é verdadeiro ou não” explicou a tenente Andréa Gonzalez. “O procedimento correto é, assim que notado o acionamento falso, entrar em contato conosco aqui do SALVAMAR”, afirmou o comandante Villas Bôas explicando que isso evita a perda de energia com a apuração do fato.
Para os alunos, a visita não poderia ter sido mais produtiva. “Foi muito interessante, porque pudemos conhecer como é feito o monitoramento dos navios mercantes pelo SISTRAM e as próprias operações SAR”, avaliou o Imediato-aluno Rodrigo Teixeira. “É muito importante ter esse contato com a estrutura física que vai servir ao meio mercante, não apenas ver slide, vir no local falar com os oficiais e praças que trabalham, ver como é o funcionamento, sair da teoria e ver a prática é mais interessante”, afirmou o aluno Xavier.
O comandante Villas Bôas afirmou que um dos objetivos dessa visita foi promover a conscientização dos alunos quanto as atividades que a Marinha do Brasil desempenha no âmbito da salvaguarda da vida humana no mar e qual é o papel dos próprios marítimos em toda essa estrutura. “Essa visita me passou uma imagem bastante profissional”, declarou, também, o aluno Xavier. Para o ImAl, a estrutura que a MB dispõe é bem organizada, possui seus setores bastante interligados e parece bem satisfazer a demanda anual de casos SAR.
Para os 40 alunos de náutica que visitaram o ComCoNTraM na manhã do dia 22 de outubro, com certeza, mais que diferente, o Dia do ComCA foi inegavel e profissionalmente mais construtivo do que esperavam. Certamente, para os alunos do 3° ano que se despedem da Escola após três anos de formação profissional-acadêmica, foi o melhor que poderiam desejar.