Na terça-feira, dia 13 de outubro, o Auditório Newton Braga do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA) deu lugar a 3 Primeiro Oficiais de Máquinas para ministrarem a Palestra Motivacional de Máquinas. O evento foi importante para esclarecer sobre a profissão do maquinista e sobre aspectos referentes à carreira mercante. Além disso, a palestra contribuiu para que os estudantes que ainda possuem dúvidas quanto a escolha de Náutica ou Máquinas consigam se decidir. O professor Paulo Pinto apresentou os 1OM Daniel, Arnold e Marcelo, atualmente fazendo o curso Aperfeiçoamento de Máquinas (APMA) no nosso centro.
1º Oficial de Máquinas Daniel
O primeiro deles foi o 1OM Daniel, que atualmente atua pela Maersk. Iniciou relatando as dificuldades de conseguir praticar e trabalhar hoje devido à fase não muito aquecida que o mercado se encontra. Depois falou da necessidade do praticante tentar aprender o máximo durante esse período, sem se intimidar com o “calor e barulho das máquinas”, e estar disposto a trabalhar a qualquer momento que for preciso.
O maquinista tem que ser exímio em sua função: saber controlar equipamentos de grande porte; ter atenção para minimizar os riscos e controlar a situação; e tem que levar jeito para trocar óleo e fazer manutenção.
O Oficial de Máquinas prosseguiu explicando o quanto é essencial ter um bom inglês, absorver o máximo possível de conhecimento na Escola e demonstrar vontade de trabalho, principalmente para trabalhar em empresas estrangeiras. Nas embarcações estrangeiras, os oficiais que estão começando a carreira são postos algumas vezes para realizar serviços braçais. Por fim, ele falou que todos devem se dedicar ao máximo, pois apenas os melhores irão conseguir as melhores vagas de emprego.
1º Oficial de Máquinas Arnold
O 1OM Arnold, que trabalha no ramo do offshore, em um navio sonda, começou abordando a evolução das tecnologias de bordo nos últimos anos, principalmente nas máquinas. Apesar disso, de acordo com ele o trabalho do maquinista não se modificou muito, apenas os equipamentos que passaram a ser automatizados. “Diversas vezes um botão resolve toda operação”, disse ele. “Entretanto, o maquinista precisa saber como proceder manualmente caso a tecnologia falhe”. Quanto a escala de serviço a bordo, ele disse que na sua empresa, a rotina é dividida 12 horas de trabalho e 12 horas de descanso. Em seguida, relatou que o maquinista é o profissional que tem que saber resolver qualquer tipo de problema mecânico que o navio apresentar. Por esse motivo não pode ter medo de ficar com a mão suja de graxa ou se sentir desconfortável de utilizar o macacão. Ele também comentou que é um trabalho muito dinâmico e que dá uma sensação gratificante em ver o navio operacional, sem atrasos e sem entrar em down time, e que desta forma os comandantes e outros colegas de náutica reconhecem o valor dos maquinistas a bordo e os respeitam muito.
1º Oficial de Máquinas Marcelo
O último a discorrer sobre a carreira de um maquinista foi o 1OM Marcelo, da Transpetro. Ele começou falando que pouco após se formar, sofreu com a crise financeira de 1989 que fez várias empresas fecharem e muitos oficiais serem demitidos. Com o mercado restrito, ele foi para Portugal em busca de emprego. De acordo com ele, a principal diferença entre o trabalho no Brasil e na Europa é que no exterior, o funcionário é livre de impostos. Por outro lado, a própria pessoa não recebe os direitos sociais que fornecem no Brasil como plano de saúde e segurança social. Ele contou que passou 20 anos trabalhando como maquinista no país lusitano e adquiriu uma grande experiência profissional. O único problema era ter que retornar ao Brasil a cada 5 anos para renovar seu certificado. Em 2011, o mercado nacional estava pagando o equivalente ao europeu, então ele decidiu retornar a sua terra natal. Segundo ele, há muitas empresas boas para se trabalhar e que o certificado profissional é válido no mundo inteiro. Desse modo não há problema para quem deseja morar e trabalhar fora.
Após as três palestras, alguns alunos fizeram perguntas para esclarecer as dúvidas que tinham. Eles explicaram que na época deles o tempo de praticagem era de 6 meses e que atualmente o tempo é de 1 ano. Depois comentaram sobre o regime de trabalho embarcado, que depende da empresa, mas as mais comuns são de 14/14, 28/28 e 35/35. Quanto ao trabalho feminino, eles responderam que as mulheres precisam ter postura, saber se colocar diante desse novo mercado e ter experiência para lidar com pessoas de diferentes culturas e hábitos.
Ao término, o CMG Soares, coordenador da Superintendência de Ensino da EFOMM, proferiu algumas palavras. Ele disse que a palestra veio com o intuito de que os alunos se sentissem motivados para o momento de escolha. Em seguida, agradeceu a presença dos palestrantes e lhes entregou os certificados pelas apresentações. Encerrando, ele justificou a escolha dos palestrantes por serem Oficiais de Máquinas bem-sucedidos e que tinham uma faixa etária pouco superior à dos alunos. Assim, os estudantes do primeiro ano puderam obter mais conhecimento sobre o trabalho do maquinista e, decorrente disso, ajudaram aos que ainda possuem dúvidas a escolherem a profissão acertada.