No sábado, dia 12 de setembro, ocorreu, nas instalações do Clube Naval Charitas (CNC), em Niterói, a 43ª Regata a Vela CIAGA. Organizada pelo Grêmio de Vela e Remo da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (GVREFOMM), a competição reuniu mais de 300 velejadores, em 111 embarcações dentro de 46 classes diferentes convidadas.
O evento foi presidido pelo Exmo. Sr. Diretor de Portos e Costa, V Alte Wilson Pereira de Lima Filho acompanhado pelo Exmo. Sr. Comandante do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), C Alte Gilberto Cezar Lourenço. Velejadores dos 3 anos escolares da EFOMM colocaram em prática a técnica marinheira adquirida nos treinos realizados, diariamente, neste Centro.
Preparativos
Pela manhã, já no percurso até o local da regata, ainda nos ônibus, a maioria dos competidores da EFOMM mostravam-se ansiosos e empolgados, planejando suas estratégias para vencer as corridas. Logo ao desembarcarem, no CNC, os velejadores mobilizaram material e começaram a preparar suas embarcações. O tempo estava levemente frio e as previsões indicavam grande probabilidade de chuva, o que fez com que a maioria também se preparasse para condições climáticas adversas.
No cais do Charitas, alguns integrantes da Equipe de Vela Adaptada do Brasil, da Inglaterra e da Noruega analisavam a movimentação. Eles relataram que estão na expectativa para as Paraolimpíadas de 2016, e passaram a frequentar o Clube para se adaptarem melhor aos ventos, correntezas e marés da região. Para eles ‘o trabalho em equipe, a experiência e a adaptação às águas e ao ambiente são características fundamentais para vencer uma regata’.
As inscrições, na Secretaria Náutica do Clube, estavam previstas para ocorrerem até 1100, mas a grande procura de competidores após o horário fez a organização prorrogá-las em 45 minutos. Muitos velejadores se inscreveram no dia da disputa, desde estreantes a competidores com mais décadas de experiência. A maior parte deles demonstravam estar felizes em participar da prova e elogiavam a organização do evento.
Cerimonial à Bandeira
Às 1200, como previsto, ocorreu o Cerimonial à Bandeira, culto tradicional dos militares ao Pavilhão Nacional. Os alunos Felipe Mendes, Abi Rached e Lucas de Jesus, respectivamente, içaram as bandeiras do Brasil, no mastro principal, do CIAGA, na verga de bombordo – à esquerda, e a do Clube Naval Charitas, na de boreste – à direita.
Após o hasteamento, o Comandante do CIAGA pronunciou algumas palavras felicitando a honra da presença do Diretor de Portos e Costa (DPC) e dando as boas-vindas à comunidade de velejadores. Relembrou a história da Regata CIAGA, que teve sua 1ª edição em 1972, e destacou a importância da competição para o aperfeiçoamento das técnicas e auxílio na formação dos alunos para o mar, evoluindo-os seu senso de responsabilidade.
Em seguida, o Diretor de Portos e Costas agradeceu o convite e ressaltou a oportunidade que a regata conferia para o desenvolvimento de algumas características fundamentais ao marinheiro, como a união. Afirmou, também, que ela aproxima as Escolas da Marinha do Brasil participantes.
Acompanhamento Especial
Ao término do Cerimonial, os velejadores prosseguiram até suas embarcações para que fosse dado início às largadas das classes da prova. Os convidados encaminharam-se para almoçar no deck do Clube, onde puderam acompanhar boletins informativos regulares da competição. Imagens, vídeos e notas produzidas por equipes de repórteres do Jornal Pelicano, em botes, foram projetadas em telão.
Além disso, houve a apresentação das bandas de música da EFOMM e do CIAGA. O grupo, formado por alunos do 1º ano, cantou baladas pop atuais e a banda do CIAGA entreteu a todos com músicas instrumentais clássicas.
A Corrida
As regatas foram emocionantes e disputadas no começo, porém, no fim da disputa, muitas embarcações foram forçadas a abandonar a prova devido à ausência de vento. “O vento começou bom, porém teve uma correnteza muito forte na hora de montar a boia da lage”, reclamou o velejador Gabriel Ribeiro, campeão da classe escaler. Equipes de prontidão tiveram que rebocar os barcos desistentes até o cais.
No entanto, mesmo com o mal tempo, vencedores de cada categoria iam gradativamente alcançando o ponto de chegada, superando fortes correntezas contrárias e a própria falta de vento. “Eu nunca tinha corrido uma regata com uma correnteza tão forte assim” afirmou Gabriel Ribeiro. “Mas a regata, no geral, acabou sendo muito proveitosa para o nosso barco. Conseguimos ganhar o primeiro lugar”, comemorou.
Outros competidores reclamaram que o percurso escolhido foi muito longo, mas a maioria achou isso benéfico, pois assim se sobressai a habilidade do velejador para evitar erros e torna possível se recuperar de algum equívoco, da mesma forma. “Com o vento fraco [correr a regata] é interessante também, porque vai do proveito de cada barco, da experiência de cada um deles, ajustar as velas para aproveitá-lo [da melhor forma]. Com o vento forte, isso é muito mais fácil.” declarou, novamente, o Sr. Gabriel Ribeiro. Na contrapartida de quase todos os velejadores concordarem que as condições ambientais atrapalharam a disputa, a estrutura e organização do evento foi bastante elogiada.
Nesta edição, a Regata CIAGA contou, também, pela primeira vez, com um circuito para nautimodelos de vela. O Comodoro do GVREFOMM, Ofal Luiz Ferreira, venceu todas as 3 provas e se sagrou vencedor da classe com o barco Netuno.
No Escaler, a embarcação CASNAV-GVREFOMM ganhou a competição. Outro destaque da EFOMM na regata foi o barco Pioneiro-GVREFOMM, que obteve o 2° lugar da classe J-24.
Veja 43ª Regata CIAGA: GVREFOMM divulga resultados das classes premiadas
Cerimônia de Premiação
Diferente das edições dos anos anteriores, a Cerimônia de Premiação ocorreu no mesmo dia da competição.
A VELA É MUITO IMPORTANTE, PORQUE TE DÁ UMA SENSIBILIDADE QUE OUTRAS EMBARCAÇÕES NÃO OFERECEM
Todas as classes participantes receberam medalhas. Os vencedores demonstravam estar alegres e emocionados. O Capitão de Longo Curso (CLC) e membro do Quadro de Árbitros para as Olimpíadas de 2016, Horácio Alberto Duarte esteve presente e afirmou que a competição estimula o aprimoramento de técnicas de navegação úteis, inclusive, em navios mercantes: “Eu velejo desde criança e acho que a Vela é muito importante, sobretudo para o oficial de náutica, porque te dá uma sensibilidade que outras embarcações não oferecem”. Ele, também, parabenizou a todos envolvidos na organização: “O evento foi lindo!”
As integrantes do Praia Clube São Francisco e Iate Clube Icaraí (clubes que sediam regatas de vela), respectivamente, Eleonora Figueiredo e Anete Gomide, destacaram a emoção dos atletas e a sensação de satisfação ao fim da competição. “Achei muito bacana a oportunidade que tivemos de observar a regata [com as imagens produzidas pela equipe do Jornal]”, observou a senhora Eleonora.
Já a Sra. Anete Gomide ressaltou a importância da grande participação dos alunos, nessa edição: “Cada ano essa regata progride mais, ela avança. Nesse ano, sem dúvida, houve uma participação enorme dos alunos e da tripulação. Vocês, alunos do CIAGA, para se tornarem grandes profissionais, precisam da experiência adquirida através da Vela. Ter comando, saber obedecer, conviver num espaço confinado de um barco a vela, de um escaler, ter noção de vento e mar, obedecer regras e trabalhar em equipe.”
VOCÊS, ALUNOS DO CIAGA, PARA SE TORNAREM GRANDES PROFISSIONAIS PRECISAM DA EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA ATRAVÉS DA VELA
Para o Ilmo. Sr. Comandante do Corpo de Alunos, CF Gilmar, o evento atingiu seu objetivo de integrar a comunidade marítima. Segundo ele, a Vela tem o diferencial de ser mais voltada para os marítimos, que os outros esportes e desenvolve, da mesma maneira, atributos importantes como a vontade de superar desafios.
Já para o Exmo. Sr. Comandante do CIAGA, o evento não teve apenas uma importância, mas várias, como a aproximação do Centro à comunidade marítima e de vela. Ele enxerga neste tipo de competição uma grande oportunidade dos alunos estarem próximos ao mar, o que, segundo ele, contribui bastante para a formação profissional.
Sobre os resultados das equipes de Vela da EFOMM, o Comandante afirmou ter a melhor do Rio de Janeiro, na classe Escaler, e que deseja partir, agora, para competições em nível nacional. Ele percebe que todo resultado positivo alcançado demonstra a determinação dos alunos e alunas, que enfrentam uma rotina de formação acadêmica muito exigente e corrida.
No entanto, mais até que o grandioso sucesso de organização que o evento atingiu, para ele, valeu o engrandecimento que o Grêmio de Vela e Remo da EFOMM conferiu ao CIAGA e à própria Marinha do Brasil. “Neste fim de dia, eu sou um comandante muito feliz.”
Com o fim do congraçamento, a XLIII Regata CIAGA foi encerrada, deixando aos competidores, o aprendizado e experiência, e a todos, a expectativa de outra regata brilhante no próximo ano.
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