Entrevista – Professor Mario Farzatt

Em inglês, Professor Farzatt conta como se tornou professor no CIAGA, comenta sobre as qualidades que um oficial de Marinha Mercante deve ter e fala sobre a importância dos professores mercantes. O Professor Farzatt tem mais de 35 anos de Magistério e uma década lecionando para alunos da EFOMM.

JORNAL PELICANO – Primeiramente, obrigado por ter aceitado nosso convite.

PROFESSOR MÁRIO – Obrigado, vocês, por me convidarem.

JORNAL PELICANO – Por quê se tornou professor de inglês?

[quote_center]Eu me apaixonei pela língua e mais tarde descobri que amava ensinar[/quote_center]

PROFESSOR MÁRIO – Eu decide me tornar professor com 16 anos. Estava terminando meus estudos de inglês. Tinha grande facilidade para aprender línguas, em geral. Não era só eu, muitas pessoas também tinham essa facilidade. Mas eu me apaixonei pela língua. Eu queria aprender mais e só mais tarde descobri que amava ensinar. Comecei dando aulas particulares a amigos, porque precisava fazer dinheiro, também. Finalizei meu curso na Cultura Inglesa em 1977, fui para a faculdade em 1978 e então me chamaram de volta para Cultura para lecionar, em 1979. E trabalhei lá desde então. Já lecionei, também, no Brasas e IBEU. Não tenho certeza de quanto tempo trabalho aqui, na EFOMM, mas, definitivamente, tem mais de 10 anos.

JORNAL PELICANO – O que você acha que um mercante bom e qualificado deve possuir?

[quote_right]A maioria das pessoas buscam a profissão por conta do salário, mas isso não é tudo[/quote_right]

PROFESSOR MÁRIO – Eu acho que é preciso querer se tornar um oficial. A maioria das pessoas buscam a profissão por conta do salário. Tudo bem se é o que se busca, mas isso não é tudo. É preciso estar preparado psicologicamente e possuir inteligência emocional, também. Algumas pessoas têm o conhecimento necessário para fazer o que devem, mas há tantas coisas para lidar além disso, que se não souberem administrar podem acabar sofrendo bastante. Não é fácil levar um tipo de vida militar. Você precisa ser adaptável. Quanto mais amigável você for, mais fácil é. Viver em confinamento, mesmo não estando sozinho, é difícil. Eu acredito que esta Escola prepara muito bem os alunos para essa situação, porque se está sempre lidando com situações difíceis, desde o início.

JORNAL PELICANO – E sobre o nível de inglês deles e delas?

[quote_center]O que o mercado de trabalho espera que você seja capaz de falar é um inglês médio-avançado e é isso que nós, professores do CIAGA, esperamos que os alunos alcancem[/quote_center]

PROFESSOR MÁRIO – O que o mercado de trabalho espera que você seja capaz de falar é um inglês intermediário-avançado, que é o nível geral europeu. Você pode mais que sobreviver com um inglês assim, tendo um ou outro problema em situações mais complexas, mas é isso que nós, professores do CIAGA, esperamos que os alunos alcancem. Aqui, no Brasil, falo baseado em pesquisas recentes, a maioria das pessoas possuem um inglês básico-intermediário.

JORNAL PELICANO – Baseado na sua experiência aqui no CIAGA, o que uma pessoa com as suas habilidades e conhecimentos pode fazer para um aluno que pretende chegar a ser um oficial mercante? Como você pode ajudar a melhorar o inglês deles?

[quote_left]Nós podemos enviá-los melhores preparados para o segundo e, depois, terceiro ano[/quote_left]

PROFESSOR MÁRIO – Quando eu comecei a trabalhar aqui, os alunos eram divididos por níveis de desempenho. Grupos de níveis básico, intermediário e avançado. E era ótimo; tínhamos grupos com dificuldades iniciais em termos de comunicação, que, no final, terminavam num nível muito mais avançado. Hoje em dia, é mais difícil, porque temos alunos de diferentes níveis na mesma turma. Mas no início do curso, eu sempre coloco alunos com colegas que podem ajudá-los e, consequentemente, a mim, também. Isso sempre mostra resultados. Além disso, os livros que usamos agora são muito melhores, porque possuem foco no inglês marítimo. Nós podemos enviá-los melhores preparados para o segundo e, depois, terceiro ano.

JORNAL PELICANO – E os professores de inglês que foram oficiais mercantes antes de virem para o CIAGA?

PROFESSOR MÁRIO – Eu sempre apreciei nossos relacionamentos, porque o conhecimento que eles adquiriram a bordo ao longo dos anos é vital e quase exclusivos. É um mundo muito diferente. E quando nós os procuramos, eles nos ajudam muito. Eles são muito gentis. Eu conheço a língua, conheço os termos técnicos, mas eu não tenho a experiência pessoal que eles e ninguém além deles possui, porque eles são os marítimos. Às vezes, vocês, alunos, acabam aprendendo mais do que nós devido a experiência que adquirem a bordo.

 Eu conheço a língua, conheço os termos técnicos, mas eu não tenho a experiência pessoal que eles e ninguém além deles possui, porque eles são os marítimos

Mario diz que é um esforço conjunto. Um aluno que não conseguia formar frases no começo, desenvolver em pouco tempo uma maior fluência não é magica. Receber 2,4 de 4,0 na primeira avaliação oral e dois meses depois alcançar a nota de 3,2 requer dedicação. “50% do aluno e 50% do professor. Essa melhora vem do esforço que fazemos em sala de aula, mas principalmente do individual”. É bom para os alunos poder contar com um professor dedicado de uma vasta experiência e qualidade de ensino em uma matéria tão exigida nas nossas carreiras.

 

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Praticante Oficial de Náutica, foi coordenador geral do Jornal Pelicano no ano de 2016.