Professor Jesus é formado no CIAGA, da turma de 1983. Nesta época realizava-se 3 anos de escola mais 1 ano de praticagem. Também se fazia uma viagem em navio de guerra para obter a carta patente (de oficial da reserva). Jesus embarcou até 1OM no Lloyd Brasileiro, na Pan Marine, na Delba Marítima e na Norsul Empurradores, esta na escala 28×28 e concomitantemente lecionando no CIAGA. Atualmente, ele ministra aulas de TSP, PER, SEG (relativas à área de segurança e salvatagem) e, MCI, SPA e CAL (relativas à área de Máquinas), bem como aulas por fora, de CBSP.
JORNAL PELICANO – Obrigado por participar dessa entrevista, professor. Por quanto tempo e onde o senhor embarcou? Como foi a experiência?
PROFESSOR JESUS – Trabalhei cerca de 10 anos no Lloyd Brasileiro, numa escala de 1 ano embarcado e 1 mês de férias. A experiência foi muito boa, apesar do longo tempo afastado. Infelizmente, era uma empresa de pouco investimento, tanto no profissional quanto no navio.
JORNAL PELICANO – O senhor teve oportunidade de trabalho em terra? Como foi a experiência?
PROFESSOR JESUS – O trabalho foi embarcado, mas com navio em obra, no estaleiro.
JORNAL PELICANO – Por que o senhor decidiu lecionar no CIAGA?
PROFESSOR JESUS: Fui convidado a dar um curso e fiquei embarcando e dando aula. Hoje em dia fico direto, por problemas pessoais.
[quote_right]Há a possibilidade de transmitir muita experiência de bordo[/quote_right]
JORNAL PELICANO – Como o senhor enxerga ex-alunos que já embarcaram virem lecionar no CIAGA?
PROFESSOR JESUS: Há a possibilidade de transmitir muita experiência de bordo e elas são variadas, pois cada um traz vivências diferentes, o que é muito bom para os alunos.
JORNAL PELICANO – O senhor gostaria de dar algumas dicas àqueles que optaram pela profissão mercante?
PROFESSOR JESUS: “Um olho no padre, e outro no padre”; “Passarinho que voa com morcego, dorme de cabeça para baixo”; “A vida é feita de superações”.
[quote_center]“Um olho no padre, e outro no padre”[/quote_center]
JORNAL PELICANO – Por que o senhor escolheu máquinas?
PROFESSOR JESUS: Está no meu sangue. Eu adoro máquinas, sou hiperativo, não gosto de ficar parado, e na máquina gosto de fazer todos os procedimentos.
JORNAL PELICANO – O que o senhor acredita ser o maior desafio para o maquinista a bordo?
PROFESSOR JESUS: O perigo, pois é um desafio lidar com isso todo dia, e de uma forma atenciosa.
[quote_left]Gostaria de me formar hoje, para aproveitar tudo que hoje temos[/quote_left]
JORNAL PELICANO – Como o senhor vê a Marinha Mercante da sua época e hoje em dia?
PROFESSOR JESUS – Gostaria de me formar hoje, para aproveitar tudo que hoje temos, tecnologia e benefícios que tanto os barcos e as empresas oferecem.
JORNAL PELICANO – O senhor leciona a disciplina de TSP. Já enfrentou algum sinistro a bordo?
PROFESSOR JESUS – Já me preparei duas vezes para abandonar. Uma vez por abalroamento e outra numa condição de mar batendo, na qual havíamos perdido o governo e a energia.
JORNAL PELICANO – Qual foi a situação mais difícil e como o senhor superou?
PROFESSOR JESUS – Foi no abalroamento em Hamburgo – Alemanha.
JORNAL PELICANO – Como o senhor enxerga a importância da segurança a bordo?
PROFESSOR JESUS – Vital. Trata-se da nossa vida.
[quote_right]Não se aprende somente com as publicações, mas, sim, com as experiências vividas pelos professores[/quote_right]
JORNAL PELICANO – Para finalizar, como o senhor acredita que a experiência de professores mercantes possa beneficiar o aprendizado dos alunos? O senhor também aproveitou essa experiência quando aluno do Centro?
PROFESSOR JESUS – Fui aluno só de oficiais mercantes nas matérias específicas da formação. E dessa forma, não se aprende somente com as publicações, mas, sim, com as experiências vividas pelos professores.