Para este artigo, trazemos o aluno Carlos Estrada, boliviano que cursa o 2º ano do curso de Náutica, que concordou gentilmente em contar um pouco da sua experiência e motivação a vir ao Brasil cursar a EFOMM.

Para ele, existem duas razões para sua escolha: uma questão patriota do fato de a Bolívia não possuir uma saída para o mar e uma questão pessoal da sua curiosidade em desbravar o mundo.

Abaixo, você confere a íntegra da resposta que recebemos.

JORNAL PELICANO – Por que você escolheu a EFOMM?

Olá leitores Jornal Pelicano, meu nome é Carlos Estrada e sou um dos alunos estrangeiros da turma 2014 que cursa atualmente o segundo ano do curso de náutica. Fiquei muito agradecido pelo convite para contar a minha motivação para entrar nesta escola. Espero que minhas palavras ajudem a outros aspirantes, tanto do Brasil como outros estrangeiros.

Meu primeiro contato com a carreira foi através do meu pai. Ele é formado da EFOMM, porém parou de embarcar logo após eu ter nascido. Eu lembro-me de ouvir as histórias sobre seus anos de navegação, que ele contava (repetidamente) em cada reunião de amigos ou de família. Como vocês sabem, a minha nação tem uma enorme dificuldade por ter perdido sua saída ao mar numa guerra que aconteceu já há muitos anos, e o que é pior, a cultura marítima Boliviana vai se desvanecendo com o passar do tempo. Existe uma grande parte da população que nunca viu o mar, nunca sentiu a brisa marinha no rosto, e nem viu uma pôr do sol na água. Com tudo isso, era normal as pessoas acharem interessantes aquelas histórias de marinheiro que ele costumava contar.

Existem muitas razões que me levaram a fazer esta escolha, resumindo em duas principalmente importantes:

Com o passar dos anos o povo Boliviano foi se esquecendo o que realmente significa ser um país marítimo. Não é só molhar os pés na água salgada, que é com o que a maioria dos bolivianos sonha. Eu sinto que este é o caminho certo para a gente retornar ao mar, ter marítimos bolivianos desbravando os mares no mundo todo e que o meu país comece investir no que realmente define um país marítimo: a consciência marítima de nós navegantes.

Vindo aqui eu sinto que participo de uma nova guerra para não perder o mar, para que a população da Bolivia nunca esqueça o que ele realmente significa, econômica e culturalmente.

Minha segunda razão é mais pessoal. Eu sempre acreditei que o mundo está esperando para que nós o conheçamos. Na curta existência que temos aqui na terra deveríamos aproveitar o que nos foi dado. Um menino numa loja de brinquedos não deveria só pegar o primeiro que ele achar na sua frente e brincar com ele o dia tudo, mas olhar além, explorar e experimentar tudo que a loja tem, pois ela está ali para ele.

Igualmente, todos deveriamos aproveitar as oportunidades que a vida nos traz: conhecer gente de todas as culturas, visitar todas as nações que pudermos e experimentar todo tipo de coisas que a maré nos trouxer, sejam elas boas ou ruins. Na carreira que eu escolhi, tenho certeza que me levará a conhecer tudo isso e mais.

“Os que se lançaram ao mar em navios, exercendo sua profissão nas grandes águas, esses viram as obras do SENHOR, seus milagres em alto-mar.” Salmos 107: 23-24

Bons ventos e mares calmos!