Nessa quarta-feira, dia 7 de janeiro, 6 alunos do 3º ano da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) visitaram o veleiro de representação da Marinha do Brasil Cisne Branco, atracado no píer do Complexo Naval de Jacareí, em Niterói.
A oportunidade veio através de um convite feito pelo Exmo. Sr. Diretor de Portos e Costas, VAlte Cláudio Portugal de Viveiros ao Praticante de Oficial de Náutica, Vítor Stersi, para que ministrasse uma palestra sobre o veleiro-escola dinamarquês Danmark – navio que viajou entre março e junho do ano passado – à tripulação do navio de representação. O convite foi posteriormente estendido a outros 6 alunos da Escola, para que pudessem assistir a palestra.
A escolha dos visitantes ficou a cargo do Comandante-aluno Erick Nanjara, que decidiu que os terceiro-anistas Paulo Oliveira, Mavropoulos, Victor Braga e Nicácio, que já se encontram no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), comporiam a comitiva. Este repórter também foi a pedido do próprio praticante.
Uma viatura partiu do CIAGA, às 1200, levando os alunos e o praticante. Chegando ao local, o 2OM Ian, que também participou da viagem no Danmark, se juntou ao grupo. Uma recepção de visita aguardava a comitiva, como sempre acontece com os visitantes da embarcação. Os alunos foram logo conduzidos a Praça D’Armas, um compartimento preparado com cadeiras e projeção para as palestras. Lá eles se encontraram com um grupo de 8 praticante recém-formados na EFOMM, que visitavam o Cisne Branco em seu tempo de licenciamento do programa de instrução sobre atracação realizado em outro navio, no mesmo píer.
Em sua palestra, o PON Stersi explicou que a oportunidade de viajar no veleiro-escola dinamarquês se deu num acordo firmado entre a Diretoria de Portos e Costas e a Maritime Training and Education Centre (MARTEC) no Seminário Brasil-Dinamarca ocorrido, em 2013, no CIAGA. O praticante falou, ainda, de forma geral, a respeito da experiência vivida como trainee #25 do Danmark e respondeu a perguntas técnicas sobre o funcionamento do veleiro dinamarquês feitas pela interessada tripulação do Cisne Branco.
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Após a apresentação do praticante, o CT Leandro Nunes ministrou uma breve palestra sobre o veleiro e sua atuação. O navio foi construído pelo estaleiro alemão Damem Shipyard e lançado ao mar em 4 de agosto de 1999. Em 9 de março de 2000, mesma data da partida da Armada de Pedro Álvares Cabral, ele fez sua viagem inaugural, partindo de Lisboa, num evento comemorativo dos 500 anos de descobrimento do Brasil. Na ocasião, 2 praticantes da EFOMM compunham a tripulação.
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Com 76 metros de comprimento e 10,5 metros de boca, o navio é inspirado no desenho dos clippers, veleiros do passado que desenvolviam altas velocidades. Tanto o Danmark, quanto o Cisne Branco pertencem a classe de competição em regatas dos “tall ships”, tendo o brasileiro já se destacado em diversas delas. O navio possui, ao todo, uma área vélica de 2195m² composta por velas redondas, latinas, auxiliares e de mau-tempo. Isso é mais da metade de 1 campo de futebol oficial. Além disso, há um motor diesel com 1001 hp e 1 propulsor lateral de proa (“bow-thruster”).
O CT Leandro Nunes explicou que o veleiro cumpre sua função de representação realizando visita a diversos portos por todo o mundo, ao longo do ano. Ele, também, apresentou algumas estatísticas em que foi possível observar que o número de visitas recebidas por dia fica na casa dos milhares, na maioria dos portos. Curiosamente, o navio é mais visitado no exterior, mesmo em países sem tradição cultural para o mar, do que em portos do Brasil. Por aqui, o interesse maior se dá nos portos do norte brasileiro mais do que nos do sul. Um dos motivos da manutenção da embarcação pela Marinha do Brasil é, justamente, desenvolver esse interesse, já que o país possui uma costa continental e seu maior desenvolvimento está atrelado ao mar.
Após as palestras, a comitiva visitou outros compartimentos do navio. Na Praça de Máquinas, eles verificaram sua estreiteza, mesmo não estando com todos os equipamentos instalados já que o navio estava em manutenção. No passadiço, viu-se o quão moderno o navio é, apesar de sua navegação ser realizada à marinharia das velas do século XIX. O veleiro conta com ECDIS, ecobatímetro, anemômetro, GMDSS e GPS.
Enquanto andavam pelo navio, a comitiva se surpreendeu com um reunir geral tocado nos fonoclamas. De repente, toda a tripulação do veleiro subiu para o ponto de reunião no convés principal do navio. Em seguida, os alunos descobriram que o chamado não era nenhuma emergência, mas, na verdade, uma cerimônia para despedida de um dos tripulantes que deixava, após 2 anos, a embarcação.
Após se despedirem da tripulação os alunos desembarcaram pela escada de portaló obedecendo ao cerimonial da Marinha, que é de prestar continência ao pavilhão nacional ao sair.
Confira as fotos da visita no álbum disponível neste link.