O Jornal Pelicano vem editando uma série de relatos de atuais praticantes sobre como são suas rotinas a bordo. Dessa vez, quem nos escreve é o praticante de oficial de náutica Gomes, da recém formada turma de 2011-2013. Ele está a bordo do PSV Sterna da Wilson Sons e nos conta como foi recebido pela tripulação, o trabalho no apoio marítmo a plataformas e, principalmente, sobre o processo de embarque e distriuição de vagas de praticagem. Sejam bem vindos a bordo!
 
 

“Sou o Praticante de Oficial de Náutica Vinícius Gomes e estou escrevendo para o Diário do Pratica para contar um pouco da minha experiência.”


“Quando tive a ideia de iniciar esse Diário, não imaginava o que estaria me esperando a bordo e acredito que tenha sido o mesmo para grande parte dos que passaram por essa situação. Pouco depois de uma semana de mar já posso afirmar que todo tempo decorrido empurrando água foi um grande aprendizado.

 
O frio na barriga e a ansiedade deram lugar à atenção redobrada e à saudade de casa.
O frio na barriga e a ansiedade deram lugar à atenção redobrada e à saudade de casa. Mesmo em tão pouco tempo, já não consigo mensurar o tamanho da experiência adquirida. Dei sorte de embarcar com uma tripulação na qual fui bem acolhido. Todos têm me ajudado bastante na adaptação a rotina de bordo. 
 
Escuta-se muito, na EFOMM, que alguns profissionais do mar costumam “mocar” conhecimento. Esse não está sendo bem o meu caso. Estou acompanhando a rotina do, praticamente oficial, PON Luciano, que, agora, só falta pegar a documentação [para se tornar segundo oficial de náutica]. Sou muito agradecido a ele por todo conhecimento repassado.
 
A vida a bordo de um supply é resumida numa rotina administrativa intensa e manobras.
 
A vida a bordo de um supply é resumida numa rotina administrativa intensa (documentações) e manobras (aproximações, saída e entrada no porto). Em pouco mais de uma semana, já foram duas saídas para abastecer as Unidades Marítimas.”
 
“Confesso que a falta de uma disciplina específica sobre Offshore em nossa Escola faz falta nesse momento.”,  afirma o praticante. Ele ainda opina: “Uma vez que este é o segmento que mais abraça os profissionais do mar, na atualidade, é necessário uma revisão da nossa grade de disciplinas.”.
 
O PON Gomes conta, também, que precisou ir, junto de outros 7 praticantes, ao CIAGA, para resolver problemas com documentação antes de se apresentar à companhia: “Para que tudo fosse resolvido no mesmo dia, fomos ao centro de trem, pegamos as assinaturas e retornamos.”. A partir desse momento os eventos passaram a fluir com maior agilidade. “O tratamento passou a ser diretamente com a empresa”, declara o praticante.
 
A Wilson Sons marcou uma reunião de indução já para o dia 13 de março. Nela, o praticante relata, que lhe foram proferidas palestras sobre consumo de drogas e bebidas a bordo e sobre responsabilidade ambiental. Além disso, ele diz que foi-lhe apresentado o Sistema de Gestão de Segurança (SMS) da empresa e que lhe entregaram seus equipamentos de proteção individual (EPIs). Uma semana depois, no dia 20 de março, o praticante embarcou.
 

Muitos de nossos amigos continuam sem […] embarque.

 
Mesmo depois de ter conseguido iniciar sua praticagem, no relato que recebemos, o PON Gomes se mostra bastante preocupado: “Muitos dos nossos amigos continuam sem perspectivas para embarque.”. Ele reclama da falta de transparência desse processo: “A falta de informação é o nosso maior problema.”. Em relação ao número de vagas, afirma, porém, que o departamento de estágio – depois de terem sido muito procurados – encaminhou aos praticantes da turma alguns detalhes da situação atual. “Algumas grandes empresas que costumam nos oferecer muitas vagas, como a Transpetro e Bram, ainda não divulgaram a quantidade que será disponibilizada.”, atualiza o praticante. E ele se mostra ainda mais solidário: “Ficamos na torcida por um número considerável para que toda turma inicie a praticagem.”.
 
O PON Gomes termina, dessa forma, desejando ventos favoráveis a todos, principalmente, nessa questão. No entanto, expressa, ainda, depois, em nota, condolências pelas trágicas perdas de alunos que todos da Escola sofremos nos últimos dias. “Aproveito para deixar meus sentimentos aos familiares e mais próximos. São duas perdas que deixarão saudade.”. A publicação do seu relato foi adiado, naquele momento, a seu pedido.
 
PON Vinícius Gomes
 
 
 
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Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.