Dois homens zarpam numa viagem de rotina a procura de algumas espécies de tubarões pelo litoral mexicano, mas, num trágico incidente, de repente, se veem à deriva e incomunicáveis. Os pescadores, então, iniciam uma luta diaria para se manterem vivos. Por mais de 1 ano.
O parágrafo anterior teria todos os elementos para ser somente a sinopse de um filme de aventura. Se isso não tivesse ocorrido de verdade. Pelo menos ao que afirma o senhor Jose Salvador Albarengo de 37 anos, um dos supostos náufragos sobreviventes.
No último sábado, dia 1, ele foi encontrado junto de uma pequena lancha de fibra de vidro com apenas 7,3 metros de comprimento encalhada num recife próximo a um atol das Ilhas Marshall, a mais de 12 mil quilômetros de onde teria partido, no México.
Ele apresentava sinais de inanição e não conseguia andar por si mesmo. O seu relato é que teria sobrevivido a uma jornada de 13 meses a deriva pelo Pacífico somente bebendo sangue de tartaruga e se alimentando de algumas aves. Além disso, ele teria, também, se hidratado com água captada da chuva.
Apesar de toda saga diária para se alimentar, ele conta que a maior dificuldade supostamente enfrentada fora emocional. “Por quatro dias, eu quis me matar. Mas não pude fazê-lo”, disse ao The Telegraph. Isso teria acontecido pouco depois de ter assistido seu companheiro morrer de fome e precisar lançá-lo ao mar passados 4 meses de sobrevivência.
Muitos detalhes da história conferem. O desaparecimento de um barco e pescadores na mesma época e local de onde teria partido a lancha de Albarenga e a existência de uma corrente marítima que teria o arrastado até as Ilhas Marshall com – calcula-se – o mesmo prazo indicado pelo náufrago contribuem para a veracidade de sua versão. No entanto, para especialistas alguns pontos ainda assim continuam pouco convincentes.
A IASST (Organização Internacional de Segurança e Sobrevivência) diz que casos desse tipo são excepcionais. Segundo ela, as condições de deriva no mar envolvem privação de alimentos e, principalmente, água além de exposição a temperaturas extremas. Isso diminui o tempo médio de vida, nessas situações, a não muito mais que horas.
Além disso, nutricionistas e médicos consultados pela Agence France-Presse alertam para a insuficiência suprimentar que a dieta que ALbarenga diz ter praticado apresenta. “Os alimentos que ele consumiu – peixes e pássaros – são compostos exclusivamente de proteínas, que são úteis para a estrutura muscular, mas não para o funcionamento do corpo humano, que precisa de carboidratos. E sem açúcar o corpo também não funciona bem, principalmente os neurônios”, declarou o doutor Clauve a AFP.
Se a história do salvadorenho é verdadeira ou não, se ele, de fato, sobreviveu mais de 1 ano à deriva no mar, é certo, pelo menos, que esse homem viveu uma situação inusitada e difícil. E que os roteiristas de Holywood possuem uma boa nova inspiração.
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