Nesta terça-feira, 03 de novembro, o Presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), o prático Sr. Gustavo Martins, veio ao CIAGA a convite da Diretoria Extraclasse da SAMM ministrar uma palestra sobre a profissão de prático e o serviço de praticagem no Brasil.

O Sr. Gustavo foi oficial da Marinha do Brasil formado na Escola Naval e foi aprovado no concurso para prático em Paranaguá (PR). Ele exerce a função de Diretor-Presidente do Conapra desde o início de 2015.

Acompanhava-o o também prático Marcos Martini, ex-aluno da EFOMM e que também já serviu na Marinha de Guerra, antes de ser aprovado no concurso de prático. Estavam presentes no auditório o Exmo. Sr. C. Alte Lourenço e uma grande quantidade de alunos interessados em conhecer mais sobre essa profissão.

A título de conhecimento, “o Conapra é uma associação profissional, sem fins lucrativos, que congrega os Práticos brasileiros, tendo por finalidade representá-los junto a todas as Autoridades Governamentais e entidades representativas de setores do meio marítimo nas questões ligadas às praticagens”, como definido em seu Institucional.

O Sr. Gustavo iniciou a apresentação diferenciando o prático do serviço de praticagem: o primeiro é o profissional aquaviário não tripulante do grupo 5, segundo a NORMAM 13. Sua finalidade é auxiliar o navio na entrada de um porto visto que, diferentemente de aeroportos, não existe uma padronização para a construção dos portos, não sendo possível o Comandante conhecer os procedimentos demandados de cada porto. Já o segundo, inclui o prático como parte de atividades de assessoria ao Comandante.

Em seguida, foi mostrado um vídeo institucional da praticagem do porto de Santos (SP), mostrando sobretudo, os serviços de monitoramento do tráfego naquelas águas. A esse centro de monitoramento, coordenação e apoio à atuação do prático na entrada do navio, dá-se o nome de “Atalaia”.

No que diz ao processo seletivo, este consiste nas seguintes etapas: prova escrita, apresentação de documentos, seleção psicofísica, teste de suficiência física, prova de títulos e prova prático-oral. É importante ressaltar que após essas etapas, o candidato torna-se praticante de prático, tendo ainda que estagiar por 12 meses para enfim, tornar-se prático.

Em termos de legislação, a praticagem é regulamentada através de um decreto de 12 de junho de 1808, bem como 19 decretos-lei, a Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (LESTA), a Regulamentação da LESTA (RLESTA) e a NORMAM 12.

O presidente encerrou sua fala demonstrando que a profissão é uma atividade desafiadora e que exige paixão e amor.

(Foto: Al. Lucas Souza / Jornal Pelicano)
(Foto: Al. Lucas Souza / Jornal Pelicano)

O evento então, foi aberto para perguntas:

O ComAl Erick Nanjara questionou sobre o número de vagas e maiores informações sobre futuros processos seletivos. Foi-lhe respondido que, recentemente, muitos concursos foram abertos e vagas disponibilizadas. Como até a habilitação final do prático há uma demora, os candidatos do último concurso ainda não estão aptos, e o país vem enfrentando uma crise que reduziu a mão de obra. Então, espera-se que um novo edital demore por volta de 3 ou 4 anos para ser lançado.

Em seguida, o aluno Franco, do primeiro ano, perguntou quanto tempo exige uma preparação para o concurso. Eis que, embora a relação candidato/vaga não seja grande, a preparação é a longo prazo, quiçá 10 anos. Recomenda-se um estudo contínuo, entretanto, sem abdicar das atuais ocupações, pois não há um edital lançado.

O aluno Felipe Dias, do segundo ano, perguntou como era feita a designação para o trabalho nas diferentes zonas de praticagem. Também aproveitou para perguntar se durante a praticagem de prático, há alguma remuneração. Para a primeira pergunta, foi esclarecido que, no processo de seleção, é feito uma ordem de prioridade por parte do candidato. De acordo com sua classificação final, o prático vai sendo alocado. Já para a segunda pergunta, o presidente tentou deixar claro que o prático não tem um salário fixo, mas que ele é parte dos pagamentos do serviço de praticagem para dada manobra. Durante a praticagem, entretanto, não está previsto receber algum salário, como já ocorreu em outros tempos. Contudo, algumas praticagens oferecem ajuda de custo ou combinam um empréstimo com o funcionário.

O aluno Lucas Neves, do primeiro ano, perguntou sobre como é feita a escala de serviço do prático. O Sr. Gustavo afirmou que na escala existe um rodízio e que esta busca ser igualitária como um todo. Ele deixou claro que um prático trabalha numa determinada zona de praticagem desde o concurso até o fim, salvo trocas autorizadas pela Autoridade Marítima.

A última pergunta, feita pelo aluno Bertoldi, do terceiro ano, foi se na prova de títulos, o aluno da EFOMM precisa ter terminado a praticagem para estar apto; obtendo como resposta que para o próprio diploma, há a exigência do fim da praticagem.

O prático Marcos Martini enfatizou a importância de se consolidar como oficial de Marinha Mercante e a aquisição de experiência para aquele que sonha em ser prático.

Após receber das mãos do ComAl Erick Nanjara o certificado de palestrante, o C. Alte. Lourenço subiu ao palco para dizer aos alunos a importância de se ter o presidente do Conapra presente, que pôde compartilhar de seu precioso tempo e passar sua experiência e alguns ensinamentos para os alunos. Terminou frisando: “Se você tem um sonho, busque-o, fazendo tudo com perfeição, pelo amor e prazer que se tem em fazer”.

Confira as fotos da palestra:

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(Fotos: Lucas Souza / Jornal Pelicano)

Fiquem ligados, pois em breve lançaremos uma matéria com o que é preciso para ser prático!